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Formação Econômica das Gerações



A Geração "X" ou Geração Coca-Cola


“A teoria do subdesenvolvimento traduz a tomada de consciência das limitações impostas ao mundo periférico pela divisão internacional do trabalho que se estabeleceu com a difusão da civilização industrial.” Celso Furtado 

Elaborei uma reflexão sobre o intervalo histórico onde nasceram nossas gerações. Enfatizei a economia nacional, mas o objetivo é criar uma reflexão sobre aqueles brasileiros que nasceram e viveram em diferentes conjunturas. Não se tem a pretensão de aprofundar de forma acadêmica, mas tem sim, a pretensão de aguçar o espirito crítico dos leitores e mostrar como o ciclo econômico influência diretamente na educação e consequentemente no desenvolvimento do país. Hoje postarei sobre a geração que estou inserido. A 13ª geração.

A Geração X nasceu aproximadamente entre 1965 e 1981. A especialista no estudo de gerações do Brasil, Eline Kullock, afirma que essa geração entrou em um novo mundo fora das perspectivas utópicas, tendo que se conformar com um padrão de vida mais realista e consumista em pleno período de Guerra Fria. Na década de 1970, a taxa de natalidade média era de quase seis filhos por mulher. As consequências são sentidas agora. Desde a minha infância, há quarenta anos atrás, a população brasileira saltou de 90 para quase 200 milhões de pessoas. 
Vivemos boa parte do período do “milagre econômico”, 1968 a 1973. Passamos por  uma etapa, um degrau do desenvolvimento, vivemos o auge do subdesenvolvimento, pois o Brasil cresceu a taxas insignificantes no início dos anos 60. E com o golpe militar a concentração de renda cresceu muito e a classe média alta foi privilegiada. Entre 1968 e 1973 o PIB real cresceu à taxa média de 11,2%. O forte crescimento do setor de bens duráveis deveu-se não somente a concentração de renda que ocorreu no período, mas também a forte expansão do financiamento ao consumo. Diferentemente do que ocorria nos países centrais, no Brasil a produção dos bens de consumo era direcionado a um segmento da sociedade que já era acostumada a consumir, mas que agora tinha um produto industrializado de ponta e a sua disposição novas linhas de créditos. A exclusão de grande massa de consumo não impediu o crescimento econômico. Porque havia uma liquidez de fácil acesso no exterior e o Brasil tinha interesse nesse capital. E tomava empréstimo.

O período de 1968-1973 é um período de boom na economia brasileira. O PIB em alta, a indústria de transformação cresce a uma taxa média de 13,3% ao ano, a indústria de construção a uma taxa média de 15% ao ano e os serviços industriais de utilidade pública, 12,1% ao ano. O setor terciário apresenta uma expansão média de 11,1% ao ano e o setor primário 4,5% ao ano em média. 
O Milagre Econômico consistia em três linhas de ações:
  • concentrar riqueza a fim de favorecer a formação de capital fixo e de promover a ampliação do mercado de bens duráveis, 
  • reduzir o salário real básico (que foi reduzido durante toda a década de 1960) e;
  • fomento, mediante subsídios, à exportação de alguns produtos indústrias, além da diminuição de tarifa em 1967. Essas estratégias foram seguidas através da utilização de instrumentos cambiais, fiscais, creditícios e salariais. 
Enfim, o aumento da dívida externa favoreceu o aumento das importações e muitas empresas foram beneficiadas com essa operação. Aproveitando a fase de liquidez da economia internacional o governo passou a buscar empréstimos e acumular reservas. Apartir do endividamento e o aumento de importações, pela análise de Fernando Henrique Cardoso, naquela época, quem liderava o desenvolvimento capitalista no Brasil a partir dos anos 1960, passa não ser mais a burguesia nacional, ou o Estado Brasileiro e sim a burguesia internacional que operava através de trustes no Brasil em associação com a parte da burguesia nacional e com o Estado. Daí o perfil xenófobo da geração coca-cola. O “Milagre”, portanto foi um período de grande crescimento econômico, grande industrialização e de modernização de nossa economia. Porém grande parcela de nossa população permaneceu excluída. 
Com um grau de analfabetismo elevado o governo se viu obrigado a criar o MOBRAL, Movimento Brasileiro de Alfabetização, que durou 15 anos, mas com pouco resultado. Em 1970 o índice de analfabetismo estava em 33,6% e chegou em dez anos depois, 1980 em 25,5%. Decréscimo. 

No Mundo
Apartir de 1974, com o choque do preço do petróleo a balança comercial passa por fortes instabilidades e um crescimento negativo da economias desenvolvidas. O barril do petróleo triplicou de preço em menos de três meses no ano de 1973. Nessa mesma época, a crise entre os produtores orientais e o bloco capitalista piorou com o estouro da Guerra do Yom Kippur. Esse foi um dos vários conflitos entre árabes e judeus envolvendo os territórios da Palestina. Discordando da ofensiva judaica, as nações árabes vizinhas, produtoras de petróleo, organizaram um boicote contra toda a nação que apoiasse a causa dos israelenses. Não suportando a elevação do barril para a casa dos US$ 40,00, vários países abandonaram a guerra. Em 1979 o mercado sofreu outro baque quando preço atingiu U$80,00 dólares, um absurdo. 

A partir de 1973 o cenário mundial e o brasileiro mudam. Para o falecido Celso Furtado a crise do dólar e o primeiro choque do petróleo, mudou o quadro internacional que havia possibilitado a industrialização. Houve um aumento da liquidez internacional e uma baixa nas taxas de juro, o que gerou o sobreendividamento de vários países do Terceiro Mundo. 

Curiosidades
Foi na década de 70 que a necessidade de se ter departamentos e diretorias de marketing nas grandes empresas, passando para outras áreas das organizações e a possibilidade de  um executivo se destacar se torna ainda mais real com a quebra de paradigmas. 
Nessa década a segunda maior economia do mundo era a União Soviética, que só perdia para os Estados Unidos, mas não conseguia crescer e viveu estagnada durante todo o período. Era o principal opositor americano no campo bélico, fato que direcionou por muitos anos a economia mundial.

Nascemos num país sem liberdade, onde havia censura da imprensa, prisões arbitrárias, guerrilha política e os mais pobres não tinham vez. E que culminou numa crise hiperinflacionária, com distribuição de renda inexistente e muitos poucos sequer tinha acesso a uma conta bancária. Graças a ela, podemos ver uma curva de inflexão não apenas no crescimento populacional mas em todos os indicadores de que este planeta poderá ser cada vez mais civilizado, com respeito aos direitos humanos, democracia, responsabilidade social e defesa do equilíbrio ambiental. 
A próxima postagem será sobre uma das famosas gerações, Y, Z ou baby boomers. Até a próxima.

Ricardo Nahra Hammoud, Crescimento e Desenvolvimento e desigualdade da renda; Análise dos Clássicos.
Rainer Sousa – Professor de História, Equipe Brasil Escola
Taysa Regina Bahry - Doutora em Desenvolvimento Econômico. UFPR

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