Era evidente, no último quartel do século XIX, a urgência da reabordagem dos princípios básicos que orientavam a Ciência Econômica, em face de novos fatos econômicos e das transformações estruturais das economias das nações industrializadas: o capitalismo "atomizado" e concorrencial do início do século XIX cedera lugar a um capitalismo 'molecular' ou de grandes concentrações econômicas, de forte tendência monopolística; o Estado abandonara sua passividade de simples guardião da ordem para interferir, cada vez mais, no campo econômico; os salários reais dos trabalhadores denotavam sensível melhora, ao invés de crescente deterioração, e os sindicatos começavam a surgir legalmente, em defesa dos interesses profissionais dos empregados; os países ocidentais gozavam de notável prosperidade, sem indícios das graves conseqüências previstas pelos clássicos pessimistas (especialmente Malthus), por Marx e outros.
Coube aos neoclássicos ou marginalistas não apenas a reabordagem teórica que se impunha, mas também a elaboração de princípios teóricos fundamentais da Ciência Econômica.
Os parâmetros deste importante período da evolução do pensamento econômico foram marcados:
No início - 1870 - pelo decênio em que surgiu a análise econômica moderna, com a mudança na definição dos problemas econômicos: da determinação das causas do desenvolvimento da riqueza, o economista passou a se preocupar corri a alocação dos recursos escassos entre usos alternativos, com o fim de maximizar a utilidade ou a satisfação dos consumidores.
Concomitantemente, a economia adquiriu caráter internacional, já que anteriormente representava campo de estudos de ingleses e franceses, principalmente. E tomou-se disciplina acadêmica, estudada em Universidades, deixando de ser domínio quase exclusivo dos homens de negócio.
No fim - 1929 - pela "Grande Depressão", que gerou verdadeira "crise de consciência- dos economistas, quando estes perceberam que a ciência clássica não lhes permitia analisar integralmente a expansão da atividade econômica e elaborar políticas econômicas adequadas. Verificaram que a teoria do retomo automático ao equilíbrio era indefensável: os preços e os custos não se a adaptam mutuamente corri rapidez e facilidade (teoria dos custos constantes), e as ofertas e procuras nem sempre reagem automaticamente diante das alterações dos preços (teoria da concorrência imperfeita); a própria moeda, com base no padrão-ouro, provocava desequilíbrios; a atividade econômica apresentava-se cada vez menos competitiva etc.
No período 1870-1929, balizado pelos fatos mais importantes que acabamos de indicar sumariamente, a economia conheceu intenso desenvolvimento teórico. De um lado, vários economistas continuavam empenhados na controvérsia metodológica a respeito do emprego da dedução ou da indução, que apaixonara historicistas e clássicos, até Schmoller concluir que ambos os métodos são tão necessários ao raciocínio econômico como as duas pernas para andar.
De outro lado, surgiu o Neoclassicismo ou Marginalismo, que buscou integrara teoria da utilidade do valor com a teoria do custo de produção dos clássicos, bem como explicar os preços dos bens e dos fatores, e a alocação dos recursos com o auxilio da análise marginal.
A introdução da análise marginal - que valeu a esse Movimento a denominação também amplamente divulgada de "Marginalismo" - mudou de modo significativo a orientação dos estudos econômicos: representou um instrumento, rapidamente difundido, para explicar a alocação de determinados recursos escassos entre os usos correntes, com o objetivo de se chegar a resultados ótimos.
O -homem econômico", racional e calculador, estaria empenhado em equilibrar seus dispêndios marginais com seus ganhos marginais. O Neoclassicismo apresentou-se sob a forma de importantes escolas, dentre as quais se destacaram: a Escola de Viena ou Escola Psicológica Austríaca, a Escola de Lausanne ou Escola Matemática, a Escola de Cambridge
e a Escola Sueca.
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