Desenvolveu-se a Escola de Viena em torno de Karl Menger, a partir de 1870. Este, em 1871, formulou uma teoria do valor de troca baseada no princípio da utilidade decrescente, simultaneamente com o inglês Stanley Jevons (187 1) e o francês Léon Walras (1874). Carlos Marques Pinho, A metodologia da ciência econômica, São Paulo, 1977.
Pouco divulgadas no exterior por causa da barreira da língua, as obras de Menger constituíram, na Alemanha e na Áustria, o fundamento dos estudos teóricos posteriormente aí realizados. Dentre seus seguidores destacaram-se Friedrich von Wieser (1851-1926) e Eugen Böhm-Bawerk (1851-1914), que apresentaram importantes contribuições, especialmente à teoria do capital e do juro.
A revolução mengeriana consistiu, essencialmente, no deslocamento da finalidade dos estudos econômicos: da preocupação com a riqueza (ou com a maneira como a riqueza é produzida, distribuída e consumida), típica dos autores clássicos, Menger passou à análise econômica das necessidades dos homens, sua satisfação e valoração subjetiva dos bens. Constatou que os homens apresentam escalas de preferência decorrentes de motivos muito variados. Observou que os objetos desejados pelos consumidores (ou com pré requisitos para satisfazê-los: Güterqualität) têm oferta geralmente menor do que as necessidades (Bedarf) que deles se tem, o que leva o indivíduo a classificar seus desejos de acordo com a importância que a eles atribui.
Com base no estudo das escalas de preferência de um indivíduo em relação a vários bens, da consideração das limitações que a natureza impõe, do confronto das escalas de preferência dos sujeitos econômicos entre si, e de outros fatores, Menger procurou reconstruir a atividade econômica. Ultrapassou, assim, a posição dos clássicos - que se limitavam a estudar os problemas dos preços em uma economia de troca e acreditavam que o valor dos bens depende da quantidade de trabalho neles incorporado. Buscou Menger uma teoria do valor que explicasse a importância atribuída subjetivamente pelos indivíduos aos bens, fundamentando o valor sobre a utilidade de um bem que existe em quantidade limitada (noção de margem) e sobre sua aptidão para satisfazer as necessidades dos sujeitos econômicos.
Uma das figuras mais proeminentes da Escola de Viena foi Böhm-Bawerk, professor e Ministro das Finanças da Áustria por três vezes. Formal com dedutivo, procurou analisar a natureza do capital e seu papel no processo produtivo. Tentou conciliar duas posições opostas: as desvantagens da restrição ao consumo com as vantagens de futuras expansões da produção, baseado na teoria subjetiva do valor. Supunha que o "homem econômico-, motivado pelo desejo de maximização da utilidade, tende a supervalorizar as necessidades
presentes e a subestimar a intensidade dos desejos futuros; daí a necessidade de se recompensar a poupança presente corri o pagamento de taxa de juros porque ela significa o sacrifício de satisfações presentes.
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