Com cerca de 58 milhões de brasileiros com acesso à internet, candidatos terão novas oportunidades de interagir com os eleitores por meio de sites, redes sociais e outras ferramentas
Usada por cerca de 50% da população brasileira, a internet tornou-se uma peça fundamental nas campanhas eleitorais. Um exemplo do sucesso desse tipo de campanha foram as eleições presidenciais dos Estados Unidos, que elegeram Barack Obama com o slogan “Yes, we can”. No Brasil, o cenário não deve ser diferente, já que os candidatos estão se mobilizando para angariar seguidores em suas redes sociais.
Para o cientista político Antônio Testa, os avanços tecnológicos podem ser poderosas armas de marketing. “O candidato terá que segmentar bem seu público e se relacionar com ele utilizando o potencial das redes sociais e as demais ferramentas da internet”, afirma.
Por outro lado, o cientista político acredita que essa aproximação deve ser feita de forma cautelosa, já que os eleitores estão acostumados com o contato direto entre os candidatos e o povo, corpo a corpo. “O eleitor ainda está acostumado ao contato pessoal. Isso não ocorre na internet. O ideal é compatibilizar ações pela internet e o modelo tradicional de campanha”, destaca.
A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, manteve seu perfil no Twitter inativo por cerca de três anos, até que, em setembro do ano passado, reativou a conta e tem aparecido com posts diários. De acordo com Testa, os candidatos já se deram conta da importância da participação política na web. “Alguns candidatos estão indo bem. Outros, ainda não despertaram para o potencial da rede, que terá papel decisivo na divulgação dos candidatos e suas propostas. Na minha opinião, a ferramenta é bastante favorável, afinal, a internet é algo fantástico e pode beneficiar a todos”, explica.
Segundo dados do Nielsen Ibope, de dezembro de 2013, atualmente há mais de 58 milhões de brasileiros com acesso à internet. Deste total, 45 milhões estão conectados às redes sociais.
Candidatos ao Buriti
Na coligação Respeito por Brasília, em que Agnelo Queiroz (PT) concorre à reeleição, o trabalho pelas redes sociais tem sido bem intenso. De acordo com eles, existe uma coordenação de comunicação digital com equipe de redes sociais.
O site entrou no ar no fim desta semana e ainda trabalha com perfis no Facebook e no Twitter. “Investir nesse tipo de campanha é respeitar um público que decidiu se formar e informar por um outro veículo de comunicação, que é mais democrático e horizontal na maneira do diálogo”, afirmou Agnelo Queiroz por meio de sua assessoria de campanha.
“Para termos noção do volume de acesso proporcionado pelos cidadãos do DF, em 30 dias de funcionamento o programa de internet pública do DF, Sinal Livre, atingiu a marca de 50 mil acessos e 23 mil usuários cadastrados. Em 2013, a Secretaria do Idoso ofereceu um curso e formou centenas de pessoas”.
De acordo com Rodrigo Rollemberg (PSD), também candidato ao Buriti, ele faz um trabalho de interação pelas redes sociais muito forte e usa a hashtag #AtitudeparaMudar. “Temos sites, Instagran, Facebook, Twitter, todas essas ferramentas são muito importantes e temos que nos adequar a elas”, conta. Rollemberg tem site, onde mostra suas propostas. O mesmo acontece com José Roberto Arruda (PR), que lançou o site nessa semana, em que mostra as obras que fez no DF enquanto governou.
Regras diferentes para o Twitter
Em setembro de 2013, o TSE decidiu que manifestações políticas feitas por meio do Twitter não são propaganda eleitoral antecipada. De acordo com o ministro Dias Toffoli, as mensagens podem ser consideradas conversas restritas entre usuários. “Não há como falar em propaganda eleitoral realizada por meio de Twitter, uma vez que essa rede social não leva ao conhecimento geral e indeterminado as manifestações nela divulgadas”, afirmou Toffoli.
Seguindo a mesma linha, os ministros Castro Meira, Luciana Lóssio, Admar Gonzaga e Cármen Lúcia concordaram com a posição de Toffoli. Para Luciana Lóssio, no caso do Twitter, só recebe mensagens “quem vai atrás da informação”, o que é totalmente diferente de um outdoor colocado no meio de uma grande avenida ou de uma rua. “Você passa e é obrigado a ver aquela propaganda”.
Legislação
A campanha política na internet é regulamentada pela Lei nº 9.504/1997. Segundo a norma, no ano de eleição é permitida a propaganda eleitoral na internet a partir de 5 de julho, com algumas restrições como: ser veiculada em sites pagos, como de notícias, de festas, de fotos, ou qualquer site considerado comercial. Ou seja, são permitidas apenas as propagandas veiculadas em sites do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor do serviço de internet estabelecido no país.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, alertou que os pré-candidatos devem ser cautelosos para que seu engajamento virtual não ganhe contornos de campanha antecipada, que pode ser punida com multa de R$ 5 mil a R$ 30 mil.
Rejane Evaristo
Comentários