Quem olhar o comportamento da moeda americana em relação ao real nos últimos dias vai encontrar algo no mínimo estranho...
O mundo acabando, com índices internacionais de ações desabando, indicadores de risco e volatilidade explodindo e commodities derretendo, e o real ganhando força em relação ao dólar, como se nada estivesse acontecendo, e contra a tendência das demais moedas globais.
O dólar bate acima de R$ 2,70 e volta para R$ 2,60, justo agora, com menor ritmo de intervenções do Banco Central brasileiro?
Mais do que a retórica (e mera retórica) da nova equipe econômica por aqui, pesam as apostas de adiamento do início da subida dos juros nos EUA e renovações de mínimas para o yield dos títulos do Tesouro norte-americano.
Novo protagonista no mercado internacional, o tema da vez é a inflação americana. Ela não está nos holofotes pelo SuperDilma da inflação no teto da meta com crescimento zero, preços congelados e rombo nas contas públicas, mas pelas ameaças deflacionárias - dentre elas a queda de commodities em geral e petróleo.
Em nossa opinião, uma eventual postergação do aumento de juros por lá não altera o produto. A farra do dinheiro barato e fácil que inflou os mercados por muito tempo é como uma bomba-relógio para o Federal Reserve, e irá acabar - se não hoje ou amanhã, depois de amanhã... inevitável.
Todos os fundamentos macro em nível global apontam dólar para cima ante às principais moedas, o que dizer então da comparação àquelas moedas mais exóticas, mais sensíveis aos choques de economias frágeis com elevada exposição à inversão de ciclo das commodities.
Brasil paga muito bem quando mundo vai bem. E muito mal quando o mundo vai mal. Infelizmente, o mundo não vai bem.
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