A presença
feminina na política
Por Luzia
de Paula
No próximo domingo (8) comemoramos o Dia
Internacional da Mulher. A data de 8 de março é associada a um fato histórico
que teria dado origem à comemoração, que foi um incêndio onde dezenas de
mulheres foram mortas numa fábrica têxtil e ocorreu em Nova York. Na ocasião as
mulheres lutavam por melhorias no ambiente de trabalho e apesar de algumas
conquistas vemos que as mulheres continuam lutando pelos mesmos motivos, ano
após ano. As desigualdades no mercado de trabalho, nas famílias e em outras
esferas sociais ainda hoje estão presentes.
Na política a grande barreira para a
participação das mulheres é a própria estrutura partidária. Os partidos não
garantem condições para as mulheres concorrerem em pé de igualdade com os
homens.
Os principais motivos para as mulheres não se
candidatarem são: a falta de apoio dos partidos políticos, a falta de interesse
por política, a dificuldade de concorrer com os homens, além da falta de apoio
familiar.
O fato dos brasileiros já terem eleito uma
mulher para Presidência da República fortaleceu a participação feminina na
política nacional, o que influência o eleitorado a escolher mais mulheres. O
eleitorado está disposto a votar em mais mulheres e não considera o sexo do candidato
na hora de optar pelo voto.
A eleição de 2014 foi a primeira
que a cota feminina de 30% foi cumprida por todos os partidos, chegando a 31%.
Para isso foi necessário uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral que
permitisse que fosse negado o registro da chapa que estivesse fora da regra.
É necessário que o Ministério Público Federal
fiscalize as campanhas e evite o que considero ser
"candidaturas-laranja", que apenas inclui as mulheres para ficar
dentro da lei, sem dar estrutura para competir realmente.
Somos mais de 50% da população e do eleitorado,
respondemos por mais de 45% da produção deste país e pelo sustento de 1/3 das
famílias, mas todo esse protagonismo não reflete na nossa representação
política. O problema tem sua raiz na discriminação que as brasileiras sempre
sofreram em todo processo histórico.
Uma das etapas para vencer este preconceito seria
uma maior inserção das mulheres na propaganda partidária que os partidos
políticos têm direito. Isso não mudará da noite para o dia, pois é um processo
de longo prazo, onde os percentuais de recursos e de tempo de propaganda
previstos devem ser melhor distribuídos entre homens e mulheres.
A minirreforma eleitoral de 2009 ainda
incluiu que a propaganda dos partidos deve difundir a participação feminina na
política. O tempo mínimo obrigatório para isso é de 10% do total reservado a
cada legenda que fica abaixo dos 30% exigidos nas candidaturas e dos mais de
50% que é a estatística feminina no pais. O que só comprova toda essa
desigualdade.
O maior reconhecimento e a melhor homenagem
são o respeito e o amor diário. O dia 8 de março serve para comemorar, para
relembrar e principalmente para nos conscientizar a continuar lutando por
melhores espaços na sociedade.