Inúmeros foram os ataques que recebi durante todo o processo político que vivemos nos últimos meses, por partidários e por não aliados de siglas. Há uma precarização e banalização do conteúdo devasto corruptível que pauta nossa sociedade.
Emitir a opinião que considero importante independente das posições e dos infortúnios que os gestores de hoje enfrentam nos levam a sofrer muitas críticas e comentários maldosos.
Li o texto abaixo ontem à noite e identifiquei uma gama de elementos que quero destacar para colegas e não colegas que geraram dentro do sua ignorância um ódio sem causa. Obrigado amigo leitor.
A pobreza intelectual do debate sobre a Operação Lava Jato é deprimente. Nos que iniciamos a investigação sabíamos que ela ia além do partido no poder. Sabíamos que chegaríamos aqueles que comandam o Brasil desde a redemocratização. E, observe-se, o PMDB esteve em todos os governos desde aquela época.
Assim, se o PT institucionalizou a corrupção na sua organização - por isso tantos tesoureiros do partido processados, o PMDB sempre foi uma confederação de caciques ou seja, de organizações criminosas autonomas, divididos basicamente em suas duas bases principais, o PMDB da Câmara dos Deputados e o PMDB do Senado.
Todos esses partidos, e outros igualmente, vêm usando historicamente de esquemas criminosos para se financiar. Em outras palavras, de corrupção pura e simples. Vejam o histórico de escândalos que vivemos desde o governo Sarney.
E mais, esses partidos são falsos inimigos uns dos outros, divertindo-se em dividir a sociedade ideologicamente, quando na verdade são exatamente farinha - apodrecida - do mesmo saco.
Apesar desse fato ser evidente nas revelações dos colaboradores e das provas produzidas, ainda vejo tolas manifestações maniqueístas a favor do PT contra Temer, a favor de Temer contra Lula, a favor de Aécio contra os dois, ou ainda a favor de aventureiros totalitarios contra a própria democracia.
É impossível ver qualquer argumento inteligente nessa confusão. Temer pode ter comandado a organização do PMDB da Câmara dos Deputados, assim como Lula comandou a organização do PT, e assim por diante. Não transformemos uns em santos só porque não gostamos dos outros.
Essas organizações viveram, conviveram, e trocaram favores entre si enquanto incentivavam a divisão da população em ideologias que sequer acreditavam.
Precisamos nos unir em torno de princípios, e não pessoas ou partidos. Unir-nos contra a corrupção, contra o abuso do poder econômico, a favor da democracia, da meritocracia, da igualdade de todos perante a lei, do respeito do bem comum, e da tolerância entre as pessoas
Carlos Fernando dos Santos Lima é Procurador Regional da República, lotado na Procuradoria Regional da República da 3º região em São Paulo. Atualmente atua na força-tarefa Operação Lava Jato, em Curitiba.
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