Hamilton Silva - Economista e Jornalista DRT- 11815/DF |
Por: Hamilton Silva
Li, semana passada, uma matéria muito interessante na revista da Associação Comercial do DF - ACDF(Associação Comercial do DF) e assinada por renomado jornalista da cidade, sobre a tentativa de debater o desenvolvimento de Brasília, titulada DESENVOLVIMENTO É MUITO MAIS QUE DISCURSO UFANISTA.
Tenho muito orgulho da cidade onde nasci. Posso ser considerado Ufanista? Posso, mas nem de longe me sinto responsável pela desordenada e mal sucedida gestão dos governos que conduziram o Distrito Federal a desmandos quase irreversíveis. Principalmente no que diz respeito ao crescimento urbano desordenado e pela imigração descontrolada das últimas décadas.
Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) é base
Eu gostaria de ressaltar a vocação máxima e única administrativa com a qual Brasília foi idealizada e fundada. A capital não orbita em torno das cidades satélites ou das cidades goianas e mineiras, pelo contrário. Diferente dos que defendem uma violação de sua essência, a cidade por muitas vezes demonstrou aos seus "gerentes" de plantão que jamais será condicionada à vontade de seus algozes.
Descobrir o perfil de cada cidade satélite é um desafio diário e permanente não só de seus gestores e de seus moradores. O verdadeiro conteúdo produtivo das cidades é contínuo na formação do caráter social.
Se não há um Plano de Desenvolvimento do DF a culpa não é, nem de longe, dos que aqui vivem ou de sua comunidade produtiva que possuem a capacidade criativa e institucional para contornarem a carência . Os governantes e "intelectuais" indicam importar uma forma de gerenciar a cidade de maneira que desconsiderem sua principal característica marcante e tentam induzir uma evolução industrial da região convencional que nunca vingará. RIDE e Região Metropolitana é uma excelente iniciativa para os que amam debates acadêmicos eleitorais.
Engana-se o jornalista, deputado, senador e governador que não atentar-se para os maiores geradores de rendas e votos da cidade sonhada por Dom Bosco
IDH respeitável e orçamento bilionário se pulveriza com crescimento demográfico
Para caracterizarmos um processo de desenvolvimento, é fundamental observarmos ao longo do tempo a existência de: 1º crescimento do bem-estar econômico medida por indicadores, como, por exemplo: Produto Nacional Total e Produto, per capita; 2º diminuição nos níveis de pobreza, desemprego e desigualdades; 3º elevação das condições de saúde, nutrição, educação, moradia. E, se analisarmos todos esses dados com profundidade, verificaremos uma degradação significativa dos parâmetros descritos que compõem o desenvolvimento quando nos distanciamos do centro, do Plano Piloto.
O aspecto fundamental é que desenvolvimento econômico não pode ser analisado, somente, por meio de indicadores como crescimento do produto real ou crescimento do produto real per capita. Desenvolvimento econômico deve ser complementado por indicadores que representem, ainda que de forma incompleta, a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, bem como a elevação das condições de saúde, nutrição, higiene, moradia, dentre outras variáveis sociais.
Cidade Digital e outras soluções
Não se pode jogar no lixo as tentativas de encontrar soluções, mesmo que fracassadas,para fomentar o desenvolvimento da Capital, foi assim com o projeto da Cidade Digital. Democratizar e "debater" com a sociedade em muitas vezes não se resolve o problema já que eleger prioridades para muitos gestores se tornou secundário devido à escravidão estéril das amarras orçamentárias. Mas principalmente ao comportamento evoluído fisiologista dos executivos e legislativo sempre contaminando os debates. Quem não se lembra das inúmeras reuniões do Orçamento Participativo?
Ufanismo Falso
O autor do artigo publicado na Revista esqueceu de escrever que esteve por duas vezes em posição de destaque em governos que poderiam sim startar a discussão de forma definitiva, mas não o fez. Por que? Convergimos no fato de que políticos, acadêmicos e autoridades que posicionam falsamente na possibilidade de debate propositivo e "desinteressado".
Para finalmente ajudar o desenvolvimento de Brasília na direção irrevogável e pungente é a valorização do funcionalismo e consequentemente do setor de comércio/serviços. Os que governam, governam para si, para estabelecerem aqui, na Capital, suas empresas beneficiadas com subsídios fiscais e estruturais como renúncia de IPTU, ICMS e outros. Parece até chantagem. Esses nunca irão amar de fato a Capital.
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