Interessante se fizermos uma comparação entre o povo brasileiro de dez anos atrás e o que acompanhou, de olhos vidrados na TV Justiça, as 10 longas horas de julgamento do HC de Lula. Dez anos atrás, se você perguntasse, num ano de Copa do Mundo, os nomes dos 11 jogadores e 11 reservas, fácil fácil muitos saberiam os nomes e as posições de cada um no campo. Hoje, talvez saibam o nome de um ou outro, mal mal do capitão da equipe mas certamente sabem tudo sobre a vida política do nosso país e entendem ,ou pelo menos arriscam, o significado de siglas como HC, Embargos declaratórios, protelatórios e infringentes.
Podem até não dominar o jurisdiquês dos longos votos do Barroso ou da Rosa Weber mas sabem que no fundo todos estes recursos saem caro muito caro e contemplam apenas aqueles abastados que podem recorrer indefinidamente até o último recurso, mesmo a condenação sendo certa, o que pode significar a grande chaga da Justiça brasileira: a impunidade gerada pela PRESCRIÇÃO da pena, que em poucas palavras é quando um processo tramita tanto tempo que quando o condenado finalmente recebe a pena o processo expirou.
O resultado de ontem evitou ou pelo menos tenta evitar exatamente isso: que os 12 anos e um mês virem letra morta já que se fôssemos esperar todas as instâncias confirmarem o julgamento dado pelo Juiz de primeira instância muito provavelmente levaria tantos anos que acabaria por perder a eficácia.
Foi um banho de esperança, um revoada de cidadania, ao brasileiro cansado de ver os, mensalões, valeriodutos, departamentos de propinas, passadinhas, odebreches, OAS e tantas outras formas de passar prá trás qualquer chance de termos um país mais justo, com saúde, segurança, trabalho e educação.
A decisão de ontem pode ser o início de uma virada de página, quem sabe, pois ainda há tanto por ser fazer, certamente, e em setembro temos mudanças no Supremo.
Muitas inquietações, por certo, mas uma certeza: que Deus é bom é justo e é brasileiro.
Por: Walesca Borges
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