Há trinta anos a saudosa jornalista Consuelo Nasser, uma das líderes feminista mais brilhante do país, escreveu um artigo que viralizou na época, intitulado “Mulheres Amarelas”.
Hoje volto ao mesmo assunto, numa época libertária, onde as mulheres já se livraram quase que por completo da maior escravidão que as assolava, a independência financeira. Estudadas ou não estão no mercado de trabalho, o que as impulsionam é o desejo de crescer e cuidar da família.
São a maioria nas universidades, até nos cursos de medicina e engenharia já são encontradas em números bem expressivos. Nós somos questionadoras, queremos entender o porquê, para que e como fazer e ainda temos coragem, cremos no que fazemos e lutamos pelo que queremos.
Em 1987, quando era presidente do PMDB Mulher de Goiás, que organizei em todo estado, o Santillo, governador eleito, na distribuição de cargos, para atender minha reivindicação de ter uma mulher no primeiro escalão, pediu-me que lhe desse o nome de uma geóloga para assumir a Secretaria de Minas e Energia e eu não tinha… Sorridente ele me desafiou dizendo que nós não tínhamos quadros e me ofereceu, como provocação, a Presidência do Sistema Penitenciário do Estado de Goiás, mas eu tinha um nome, o da nobre advogada, professora emérita de Direito Penal Dra. Marilene Viggiano. Foi assim que uma mulher assumiu este posto historicamente masculino, pela primeira vez no Brasil.
Com o passar dos tempos descobri que avançamos muito, no que dependia de nós, mas estamos muito aquém na distribuição do poder político, ele continua nas mãos dos homens e quando as mulheres assumem elas passam a serem, em sua grande maioria, Mulheres Amarelas.
Amarelam de medo de perder o poder, o cargo que têm, medo de não dar conta, de errar, de ser criticada e o pior é que tem medo de lutar por outras mulheres e se acovardam e se calam, em vez de se unirem e fazerem uma grande corrente a favor da educação, saúde, emprego, família e distribuição igualitária do poder para as mulheres, e então passam a ser massa de manobra nas mãos experientes do poder masculino.
As Mulheres Amarelas estão em todas as ideologias, e neste momento onde os generais estão presentes e muitos ainda são resistentes ao comando de uma pasta por uma mulher, quero fazer uma advertência a todas as mulheres do país, profissionais liberais, empregadas, donas de casa, autônomas, de todas as crenças e raças: “O que nos une é muito maior do que o que nos separa”. Juntem-se, apoiem as mulheres que tem projetos de melhorias para a nação, sejam um eco de ressonância delas, sei que muitos vão criticá-las porque têm medo do nosso crescimento, afinal somos a metade da população do país, mas nós temos que estar presentes para aplaudi-las.
Quero deixar um lembrete para as politicas estreantes e para as que já foram e as que ainda estão nesta difícil caminhada: “Não se transformem em Mulheres Amarelas”, saibam dizer não à corrupção, aos partidos políticos, aos projetos contra a população e apoiem outras mulheres a subirem no poder, mas nunca amarelem de medo, perdendo o “time” da história.
Administradora pública, pós graduada em Administração de Serviços de Saúde, Especialista em Terceiro Setor, foi Diretora da Fundação de Promoção Social e Secretária da Mulher do Estado de Goiás, liderando organizações de mulheres em movimentos classistas e políticos. Conhecimento notório em política, ética e ações sociais. É compromissada com os direitos fundamentais e acredita ser essa a chave para o sucesso do Brasil.
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