CORINGA – O palhaço sem Graça [atenção: Spoiller]
Vi o filme duas vezes e não tenho pretensão nenhuma de fazer uma crítica técnica, pois não sou habilitado, mas como sou apaixonado pela arte e fã dos filmes da Marvel penso que a DC Comics deu um passo estratégico para dominar os próximos cinco anos do mercado.
Não podemos em hipótese nenhuma separar a arte moderna de nosso convívio e de nossa cultura, talvez por isso que O Coringa tenha causado tanto frisson em muitos influenciadores, mídia, políticos, profissionais da área de saúde e até setores da igreja.
A dor e a tortura sofridos enquanto criança se estendem pela vida adulta, e estes tornam-se o ponto chave da história. Talvez o que mais choca, mas sem dúvida nenhuma a que está mais presente e que gera maior desconforto e manifestação por parte daqueles que assistiram.
A impossibilidade de sentir sujeito da própria vida, de se sentir como alguém que realmente exista, perpassa aquele que irá encontrar sua identidade somente como o Coringa. O poder da sua existência emana quando ele abandona os medicamentos que o seguram e, por alguns momentos violentos, no controle da sua vida.
Os sonhos de uma vida vão se realizando em meio a atos violentos e trágicos, onde ele se torna uma celebridade, consegue manter o controle do riso, que até então, era a sua identidade de “eu tenho um problema”.
Rejeição, abandono, orfandade e abuso modelam a personalidade do inimigo do Cavaleiro das Trevas.
Os meios jamais justificam os fins, seja na realidade ou na ficção, portanto a violência e dor causados pelo “Joker” não podem ser justificados pelo ressentimento sofrido por ele.
Tendo na trilha sonora Frank Sinatra, para justificar uma inspiração no filme de Charles Chaplim "Tempos Modernos" (Filme com forte crítica ao capitalismo, que sugere em mensagem subliminar à Luta de Classe travada no Joker) e outros, o filme sem dúvida nenhuma terá indicações para o Oscar e eu acredito na atuação genial de Joaquim Phoenix como grande vencedor.
Eu imaginava uma Gothan City mais caótica, todavia o retrato da cidade ficou tão lindo que parece que somos vizinhos de Arthur. Metrô sujo, os sacos de lixo por toda cidade, nos remetem a lugares não tão distantes. As viaturas policiais da época são sensacionais e um figurino impecável. Fotografia é outra chance de Oscar, na minha leiga opinião.
The End
Ninguém ousou aplaudir seja por ignorância ou respeito ao fim da sessão, mas durante os assassinatos alguma desavisada ousou sorrir mesmo que disfarçadamente.
O filme é entretenimento para adultos e crianças deveriam ser impedidas de ver assassinatos como diversão. Fica a dica para os órgãos de fiscalização.
A busca de uma referência paterna de Athur Fleck retrata com exatidão uma sociedade sem Deus e sem arquétipos saudáveis.
Sem dúvida o melhor filme dos últimos tempos.
Esse texto foi publicado no dia 18 de outubro no blog DFMobilidade
Por: Hamilton Silva - Jornalista
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