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A eterna falácia dos discursos por mais posses: Entre a emoção e a responsabilidade

 

Na sexta-feira, 14 de junho, uma senhora da comissão de concursados ​​dos novos professores da rede pública teve a oportunidade justa de discursar na posse do tão sonhado cargo público. Louvável, certamente. No entanto, a ocasião acabou se tornando um exemplo clássico de como um discurso pode passar de empolgante a chato e pedante.

O governador do Distrito Federal, junto com outras autoridades, esteve presente para empossar mais de 3.400 novos professores e servidores da rede pública. Um fato histórico e digno de comemoração. No entanto, o primeiro discurso em público da nova professora, que contou como havia sofrido para chegar até lá, durou aproximadamente 20 minutos. Inicialmente comovente, a narrativa pessoal acabou se tornando enfadonha.

Ela não apenas se apresentou como professora, mas também como uma militante das pautas progressistas, destacando a política de cotas e o fato de ser preta e mulher. Poderia ter sido diferente. As autoridades presentes prestaram atenção pacientemente, enquanto a claque aplaudia em extase.

E assim, o discurso se estendeu, até que a professora fez um pedido ao governador: zerar a lista de aprovados, ou seja, contratar ainda mais 8 mil funcionários públicos. Nada menos que um comprometimento ainda maior da folha de pagamentos.

Nesse ponto, o secretário de Economia, Ney Ferraz, lembrou o compromisso cumprido pelo governador eleito, mas também destacou a importância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não há milagre. O orçamento é mais que uma mera destinação de recursos; é resultado de um processo estruturado que pressupõe diálogo, planejamento e compromisso.

Brasília, com sua economia atípica e sem um parque industrial robusto, não comporta tanto assédio. Assim como um discurso interminável, é preciso impor limites à demanda incessante por novos cargos. O estado gigante pode se tornar um mastodonte ineficaz.

Um discurso de posse deve ser planejado e objetivo, tal como o orçamento público, que deve ser gerido com responsabilidade. De fato pode se convocar novos funcionários, mas quem deve determinar  é o patrão: O contribuinte que paga impostos e não uma estrutura sindical por novos filiados.  A população merece um serviço público qualificado, mas é necessário equilíbrio fiscal. Mostrar planos  enquanto agente público teria sido muito mais profissional da parte da oradora.

Por: Hamilton Silva – editor-chefe do Portal DFMobilidade, jornalista há 13 anos é economista desde 1998 

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